domingo, 30 de março de 2014

Parada


No vórtice de uma jornada,
Um lugar que não existe.
Filas, corredores, retire os objetos de metal.
Nada nos bolsos? Então mãos ao alto.
Tudo invertido.
Retire também os sapatos, mostre os furos
Na meia. Mas vista vários pares de paciência.

O chão brilhante esconde as pegadas
Dos milhares de transeuntes
Apressados. Ninguém para e observa
A simetria das fileiras de cadeiras.
Aqui dentro sopra
uma brisa fria, um novo Zéfiro,
que agora se chama A/C.

O sol pisca neon-hospital
Prateando minha pele sem protetor.
Vence, de longe, o sol de fora que,
sendo seu arqui-inimigo,
bate insistente no muro transparente
Que separa tênue a realidade
Desse sonho que vivo desperto.

Vozes, choros, anúncios.
Zumbidos, mesmo no que deveria ser
O silêncio escuro da noite.
Nem mesmo espíritos vagando, só faxineiros.
Your attention, ladies and gentlemen,
Unattended baggage. Thank you for your
Condescendência? Má sorte?

Já terminamos o embarque e
estamos lotados e lotados e lotados.
A espera vã.
Seu voo será transferido, retransferido.
Dirija-se ao novo portão. Saia daqui.
Quarto lugar, um quase pódio.
Você perdeu.

Então, Standby.
A passagem pra quem não tem passagem
Se fecha como a porta do portão.
Fica esperando o fracasso da
Chegada de outrem.
Torcendo para que te reste um lugar
nesse mundo chamado avião.

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