sábado, 15 de dezembro de 2012

Jornada para Utopia: Dia 9 (versão de LVA)



Acordei quando as primeiras pessoas estavam também acordando e indo ao banheiro. O sol batia no meu rosto, então eu mudei de posição mas não consegui dormir mais. Stephen estava dormindo no sofá em frente o meu e ele pôs uma blusa por cima da cabeça para evitar a luz que vinha das janelas.

As pessoas começaram a se movimentar, o chão estalando e eu decidi me levantar. Acho que era umas 9 da manhã ou algo assim. Algumas pessoas estavam tomando café da manhã e conversando e Stephen continuava dormindo. Eu o invejei. Me arrumei para sair e eu estava planejando ir para a parte antiga da cidade e quando eu chegasse lá veria o que eu pudesse.  Tinha um mercado sobre o qual minha amiga Anne me falou, e talvez eu fosse lá. De qualquer maneira, os planos mudaram quando Stephen disse que ele ia passar o dia andando pela cidade. Ele queria ir para o Mount Royal. Eu tinha ido lá no dia anterior, mas seria legal de andar e conversar com ele em vez de ir sozinho.

Nós caminhamos em uma direção diferente para que víssemos vielas e ruas diferentes das que eu já tinha visto. Chegamos na estátua. Continuamos subindo e tinha muitas pessoas como vocês podem ver ao fundo da foto. Parecia que tínhamos levado menos tempo do que eu levei no dia anterior, mas eu acho que me senti assim porque eu sabia o caminho de antemão (e não havia atalhos). Foi legal porque Stephen não sabia nada de francês, então íamos aos lugares e eu o ensinava algumas palavras ou ele adivinhava (ele era um aluno exemplar).




Depois de descer, começamos a caminhar em direção da Montreal antiga. A única coisa atípica que aconteceu foi que estávamos passando por um estádio e havia música e pessoas fazendo barulho, torcendo. Chegamos mais perto da entrada e tentamos descobrir quem estava jogando o que, e um rapaz se aproximou e nos deu um ingresso.  Ele insistiu que deveríamos entrar. Nós dissemos “ei, nós somos dois”. E ele disse, “Sem problemas, eles deixaram vocês entrarem.” Tão esquisito. Fingimos que iríamos entrar, mas decidimos que não.

Eu pedi informações para nos direcionarmos e estávamos no caminho certo. Andamos por volta de 20 minutos, acredito eu, e fomos para o lado da cidade onde tinha mais prédios bonitos.




A parte antiga da cidade era um pouco mais fria. Eu caminhei sempre procurando pelo sol. Na sombra, era muito frio! Havia algumas carruagens  e as pessoas podiam pagar, eu acho, 20 dólares por uma volta. Nós só tiramos foto delas. A arquitetura dos prédios era mais clássica e havia uma igreja e alguns prédios comerciais.





(Eu adoro tirar fotos de bandeiras flamulando ao vento)

Estávamos ficando com fome e falei pro Stephen sobre meu desejo de ir a um restaurante indiano. Ele não tinha nenhuma preferência. Ele tinha visto um restaurante grego mais perto do centro, mas era caro. Aqueles que nós achamos na cidade velha estavam fechados ou eram muito caros. Eu disse a ele que podíamos ir em qualquer outro lugar. Não precisávamos ir para um indiano, necessariamente. Quando estávamos quase desistindo, achamos o lugar perfeito. Estava vazio então perguntamos ao rapaz se estava aberto. Ele disse que sim. E durante a refeição, ninguém entrou, então tivemos o restaurante praticamente só para nós. Como sempre, eu peguei mais comida do que eu devia, mas eu tirei uma foto do prato principal e não dos aperitivos. Conversamos bastante. Foi um almoço incrível.




Depois de sair, era quase 3 da tarde. O tempo voou. Não tinha certeza se meu ônibus sairia às 5:30 ou 7:30 da tarde, mas eu tinha quase certeza que era 7:30. De qualquer jeito, nós decidimos voltar para o Coop. Vimos essa Rue perto do restaurante indiano.




Também vimos essa praça estranha, podia ser uma praça ou qualquer outra coisa, não entendemos bem o que era. Eu tive um déjà vu porque tinha um lugar parecido com esse em Tallinn, quando chegamos lá.



Um château?


E esse bairro, que me lembrou de Paris. Ainda era estranho algumas vezes que todos estavam normalmente falando em francês nas ruas e não era Paris.



Eu me lembrei da minha amiga bibliotecária aqui e pensei que ela já esteve aqui, que ela já tinha visitado Montreal e que ela sempre vai às bibliotecas por todo o mundo – aonde quer que ela vá.



Quando retornamos ao Coop, tomei um banho e comecei a fazer as mala. Não estava muito difícil já que minhas coisas já estavam dentro das malas. Eu fiz verifiquei e vi que meu ônibus sairia às 11:30 da noite. Então eu ainda tinha algum tempo para conversar com o pessoal do Coop e com o Stephen.

(Aqui vocês podem ver o sofá marrom que eu dormi e o meu computador em cima dele).




Enquanto eu tava organizando as coisas, o pessoal me perguntou se eu podia ajudar a descarregar um caminhão e levar as coisas pra cima. Eu ajudaria com maior prazer aquelas pessoas que tinham sido tão gentis comigo. Eu desci as escadas e comecei a pegar sacolas e caixas. Aparentemente, alguns fazendeiros locais tinham doado comida para o Coop. Eu lembro que éramos por volta de 8 ou 9 pessoas ajudando a levar as coisas pra cima e eu tive que descer as escadas umas 5 vezes. Portanto, era muita comida. Tinha vegetais, folhas e frutas. Todos começaram a ajudar de algum jeito. As meninas estavam selecionando, e os meninos estavam lavando na pia.





 Começamos a posar para fotos com os vegetais.







Um momento engraçado: eles me pediram para ajudar a descascar e selecionar um pequeno fruto amarelo. Se fosse verde eu devia jogar em uma bacia com a casca e se fosse amarelo, eu devia por com os outros. Fiz isso por dez minutos e então eu perguntei, quase sussurrando para o Simon: “que fruta é essa?” eu imaginei que era um fruto, por causa do tamanho. Ele disse que ele não sabia e perguntou para alguém na mesa que fruta era. E fiquei envergonhado por não saber mas eu não era o único. Um rapaz, Marcus, disse que eram groselhas. Eu só tinha lidos sobre elas. Fez sentido. Juliette estava pendurando umas salsas para secar. Todo mundo estava feliz e animado. Toda aquela abundância de comida. Receitas estavam sendo lembradas, planos de o que fazer com isso ou aquilo.





E no meio disso tudo, eu tive que ir embora. Meu coração estava entristecido porque eu senti que eu não tinha passado o tanto de tempo que eu devia com aquelas pessoas extraordinárias, mas eu ainda tinha algo muito importante a fazer, então eu tinha que ir, e também pensando ansiosamente em como seria daqui pra frente.

Não foi muito difícil chegar na estação de ônibus. Tínhamos passado por ela no nosso caminho para o Coop, mais cedo, e eu estava um pouco confuso porque não tinha conexão do metrô com a estação, você tinha que sair do metrô, subir as escadas e ir pela rua até chegar na entrada da estação de ônibus. Já se formava uma fila e ainda tinha 1 hora e meia até o ônibus partir.
Dessa vez eu sentei do lado de um senhor de idade, mas nós não conversamos durante a viagem. E estava cansado então dormi a maior parte do tempo.

(**)

Quando era por volta das 3 da manhã nós tínhamos que cruzar a fronteira. Todos tinham que pegar seus pertences, sair do ônibus e entrar em uma espécie de sala. Havia dois oficiais e eles chamavam um por um, pedindo os documentos e perguntando coisas. Quatro pessoas foram levadas para os fundos, por uma porta. Quando foi a minha vez, ele me perguntou se eu tinha comprado algo no Canadá e eu disse não. Claro que eu tinha algumas comidinhas e os remédios para a minha garganta inflamada. Eu disse não de primeira e ele insistiu: “Você não comprou nada no Canadá?” Eu me contradisse, mas eu estava achando que ele estava me perguntando sobre eletrônicos ou outras coisas e eu disse: “Bem, vocês consideram as coisas que eu estou comendo durante a viagem?” Ele deu o visto e me pediu para voltar ao ônibus. Ele estava de bom humor, eu acho. Depois disso, só acordei de novo quando as pessoas estavam se preparando para descer. Lá estava eu: Boston.

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